quinta-feira, 8 de março de 2012

ANÁLISE DAS II E III PARTES DO CONTO "O TESOURO" DE EÇA DE QUEIRÓS




FICHA DE TRABALHO Nº7 – COMPREENSÃO/EXPRESSÃO

1.     Explique os argumentos que Rui utiliza para convencer Rostabal acerca do eventual comportamento de Guanes.

R: O primeiro argumento tem a ver com a avareza de Guanes (“... passando aqui sozinho,... não dividia connosco...”); em seguida, utiliza um segundo argumento que se relaciona com o fato de ele estar doente e não durar “... até às outras neves”, ou seja, até ao próximo ano; e, por fim, argumenta dizendo que até morrer gastará tudo o que é dos três (3º argumento).

2.     Selecione o sentimento, que te parece que Rui melhor explora de Rostabal, para o convencer a matar Guanes:

a)    orgulho
b)    vergonha
c)     cobiça
d)    honra

R: O sentimento mais explorado é o orgulho.

2.1.  Explique a sua opção.

R: Pois Rui concentra todo o seu diálogo persuasivo na questão de outrora terem sido os nobres de Medranhos e Rostabal ser “… o mais velho” da família, que tem todo o direito a ter tudo a que um fidalgo tem direito.

3.     Indique o simbolismo das duas aves (melro e corvo) nos dois momentos em que surgem na narrativa.

R: Estas duas aves são negras e o preto está a associado à desgraça e à morte, que indicia a tragédia que assola os três irmãos, ou seja, a sua MORTE.

4.     Analise o motivo da existência de inúmeras frases curtas, interrogativas e exclamativas, no diálogo entre os dois irmãos.

R: O discurso torna-se rápido e emocionante e está relacionado com o fato de Rui estar a tentar persuadir o irmão a matar Guanes, não lhe dando tempo para pensar friamente. Além disso, o diálogo entre os irmãos mostra o nervosismo e ansiedade patente entre eles.

FICHA DE TRABALHO nº8  – COMPREENSÃO / EXPRESSÃO

1.     Guanes parte para Retortilho e regressa entoando a mesma canção “Olé! Olé! / Sale la cruz de la iglesia / vestida de negro luto…” (Olé! Olé! Sai a cruz da igreja / vestida de negro luto…). Tendo em conta os acontecimentos futuros, explique a simbologia da letra.

R: A letra desta canção indicia a Morte que vai assolar os irmãos de Medranhos.

2.     Este excerto é constituído por uma sucessão rápida de acontecimentos. Enumera-os por ordem cronológica:

a)    Rui retira a chave que lhe faltava. _____
b)    Rostabal é morto. _____
c)     A chave de Guanes é-lhe retirada. _____
d)    Guanes regressa de Retortilho. _____
e)    Rostabal mata Guanes. _____
f)     Rostabal lava a face. _____

R:  d, e, c, f, b, a

3.     Transcreva a frase que melhor transmite a ideia da personificação da égua e explique o seu significado.

R: “... arreganhando  a longa dentuça amarela, não queria deixar o seu amo assim estirado...”, a égua teve uma atitude de proteção e de dor, tal como uma pessoa, perante a morte e o sofrimento do seu amo.

4.     Estabeleça a comparação, apoiando-se em expressões do texto, entre o comportamento de Rostabal, ao matar Guanes, e de Rui, ao matar Rostabal.

R: Rostabal mata  Guanes numa envolvência de violência, pânico e gritos (“ Na ilharga! Mal passe! ... gritou Rui .... toda a lâmina se embebeu... quando ao rumor... bruscamente... ); Rui mata Rostabal num ambiente de serenidade, pois estava já tudo devidamente premeditado e planeado por Rui (“... Rui tirou lentamente a sua navalha... sem um rumor... certeira sobre o coração...”.

5.     “E serenamente, como se pregasse uma estaca num canteiro, enterrou a folha toda no largo dorso dobrado, certeira sobre o coração”. Assinale nesta frase como o narrador consegue, através de dois processos diferentes, mostrar a frieza do gesto do Rui.


R: O primeiro é uma antítese (jogos dos contrários: calma vs morte) “...serenamente... enterrou a folha... certeira sobre o coração”; o segundo é uma comparação “... como se pregasse uma estaca...”.

FICHA DE TRABALHO Nº9 – COMPREENSÃO / EXPRESSÃO

1.     A  terceira parte do conto é dominada pelo Rui. “(…) e na capela nova do solar renascido mandaria dizer missas ricas pelos seus dois irmãos mortos (…)”. Como interpreta este pensamento da personagem?

Esta expressão revela que esta personagem não tem remorsos pelo facto de ter morto os irmãos, é cínico e, ao mandar rezar missas, tiraria de cima de si qualquer dúvida de ser o criminoso.

2.     “Mas, como era avisado, não bebeu, porque a jornada para a serra, com o tesouro, requeria firmeza e acerto”. Atente no comentário do narrador e explique a ironia, tendo em conta o desfecho da ação.

O seu fim é irónico, pois acaba por morrer por beber o vinho envenenado, o que mostra pouca cautela.


3.     Refira a importância do título do conto, procurando as razões da sua escolha.

4.     “Meio enterrado na erva negra, toda a face de Rui se tornara negra. Uma estrelinha tremeluzia no céu.” Qual o significado que atribui à oposição (erva / face) - negra / (estrelinha) “tremeluzia”?

R: O final do conto que transmite morte, no entanto, a beleza e a luz da natureza fazem renascer o conto, ou seja, parece tudo voltar ao início dando uma nova esperança e destino ao tesouro.

5.
R: À leitura do conto ressalta de imediato a referência insistente ao número três, de todos os números aquele que carrega maior carga simbólica. Desde logo, são três os irmãos; e o três é também um símbolo da família — pai, mãe, filho(s). Mas aqui encontramos uma família truncada, imperfeita — nem pais, nem filhos, apenas três irmãos. Não há, aliás, a mais leve referência aos progenitores dos fidalgos de Medranhos, como se eles nunca tivessem existido. Essa ausência da narração é, de certo modo, um símbolo da sua ausência na educação dos filhos. Sem a presença modeladora dos pais (ou alguém que os substituísse), Rui, Guanes e Rostabal dificilmente poderiam desenvolver sentimentos humanos: vivem como lobos, porque — imaginamos nós — cresceram como lobos.
Eles próprios não foram capazes de constituir uma família verdadeira, do mesmo modo que os três, apesar dos laços de sangue e de viverem juntos, não formam uma família e sempre pela mesma razão: porque são incapazes de sentir o amor.
O tesouro está guardado num cofre. Um cofre protege, preserva, permite que o seu conteúdo permaneça intocado ao longo do tempo. A sua utilização é significativa do carácter precioso do conteúdo. Igualmente significativo é o facto de o cofre ser de ferro, material resistente, simultaneamente, à força e à corrupção.
Três fechaduras — novamente o número "três" — preservam o conteúdo do cofre (Da curiosidade? Da cobiça? Da apropriação indevida?...), mas três chaves permitem abri-lo sem dificuldade. Note-se: nenhuma delas, só por si, mas as três em conjunto. O simbolismo aqui é evidente. Só a cooperação dos três proprietários permite aceder ao tesouro. É pela solidariedade, pela cooperação, pela convergência de interesses e esforços que é possível alcançar o "tesouro" por todos almejado. Foi apenas porque, momentaneamente, os três cooperaram, que lhes foi permitido contemplar o "tesouro". E porque não souberam manter esse espírito de cooperação, não lhes foi permitido possuir o "tesouro".
E quando Rui expõe a estratégia a seguir, o número "três" volta a aparecer insistentemente (...três alforges de couro, três maquias de cevada, três empadões de carne e três botelhas de vinho.), como que a sublinhar o irredutível individualismo que os vai conduzir à tragédia.