terça-feira, 31 de janeiro de 2012

ESTUDO DO CONTO "O TESOURO" DE EÇA DE QUEIRÓS APONTAMENTOS 1


FICHA DE TRABALHO Nº2 - COMPREENSÃO / EXPRESSÃO

APONTAMENTOS 1

ESTRUTURA DA ACÇÃO
Ø  Introdução (três primeiros parágrafos) – Apresentação das personagens e descrição do ambiente em que vivem até à descoberta do tesouro.

Ø  Desenvolvimento (até ao penúltimo parágrafo) – Descoberta do tesouro, decisão de partilha e esforços para eliminar os concorrentes;

Ø  Conclusão (dois últimos parágrafos) – Situação final.
Da conclusão depreende-se que, se considerarmos a história dos "três irmãos de Medranhos", estamos perante uma narrativa fechada; ao invés, se nos centrarmos sobre o "tesouro", teremos de considerar a narrativa aberta, dado que ele continua por descobrir (...ainda lá está, na mata de Roquelanes.).

Também o desenvolvimento tem uma estrutura tripartida:
Ø  Descoberta do tesouro e decisão de o partilhar;
Ø  Rui e Rostabal decidem matar Guanes; morte de Guanes; morte de Rostabal;
Ø  Rui apodera-se do cofre e morre envenenado.


SEQUÊNCIAS NARRATIVAS

  • Descrição da vida miserável dos três irmãos;
  •  Descoberta do cofre na mata;
  •  Decisão da partilha do tesouro;
  •  Distribuição das chaves pelos três;
  • Partida de Guanes para Retortilho;
  • Conspiração de Rui e Rostabal para matar Guanes;
  • Chegada de Guanes, emboscada e morte;
  • Assassínio de Rostabal, por Rui, enquanto se lavava;
  •  Preparativos de Rui para usufruir da comida e do tesouro;
  •  Rui bebe o vinho que Guanes trouxe;
  •   Sintomas de envenenamento;
  •  Morte de Rui por envenenamento.
A articulação das sequências narrativas (momentos de avanço) faz-se por encadeamento. Os momentos de pausa abrem e fecham a narrativa e interrompem regularmente a narração com descrições (espaço, objectos, personagens) e reflexões.
Acção – momentos de avanço (desenvolvimento da história)
Descrição – momentos de pausa

QUESTIONÁRIO:

1.     O retrato dos três irmãos é feito de uma forma breve e muito individualizada. Apresente as suas principais características e os respetivos processos de caraterização.


RUI
Caracterização física: gordo e ruivo.
Caracterização psicológica: "avisado", calculista, traiçoeiro.

GUANES
Caracterização física: pele negra, pescoço de grou.
Caracterização psicológica: desconfiado, calculista, traiçoeiro.

ROSTABAL
Caracterização física: alto, cabelo comprido, barba longa, olhos raiados de sangue.
Caracterização psicológica: ingénuo, impulsivo.

Predomina o processo de caracterização direta, visto que a maior parte das informações são-nos dadas pelo narrador. No entanto, os traços de traição e premeditação de Rui e Guanes são deduzidos a partir do seu comportamento (caracterização indireta). As personagens começam por ser apresentadas colectivamente (Os três irmãos de Medranhos...), mas, à medida que a acção progride, a sua caracterização vai-se individualizando, como que sublinhando o predomínio do egoísmo individual sobre a aparente fraternidade.


2.     Indique e descreva os dois espaços da ação e o tempo a eles correspondentes.


Ø  PAÇOS DE MEDRANHOS (referência espacial) – “ (...) passavam eles as tardes desse INVERNO”(...) (referência temporal);
Ø  “MATA DE ROQUELANES” (referência espacial) – “ (...) PRIMAVERA, por uma silenciosa MANHÃ de DOMINGO (...) ABRIL (...)” (referência temporal).

TEMPO  / ESPAÇO – FOME, MISÉRIA E POBREZA DOS IRMÃOS

APONTAMENTOS 1

TEMPO
Tempo histórico – A referência ao "Reino das Astúrias" permite, por um lado, localizar a acção por volta do século IX, já que os árabes invadiram a Península Ibérica no século VIII (a ocupação iniciou-se em 711 e prolongou-se por vários anos); por outro, no século X o Reino de Leão, que sucedeu ao das Astúrias, encontra-se já constituído.

Tempo da históriaA acção decorre entre o Inverno e a Primavera, mas concentra-se num domingo de Primavera, estendendo-se de manhã até à noite. O Inverno está conotado com a escuridão, a noite, o sono, a morte. E é no Inverno que nos são apresentadas as personagens, envoltas na decadência económica, no isolamento social e na degradação moral (E a miséria tornara estes senhores mais bravios que lobos). Por sua vez, a Primavera tem uma conotação positiva, associa-se à luz, à cor, ao renascimento da natureza, sugere uma vida nova, enquanto o domingo é um dia santo, favorável ao renascimento espiritual.
A acção central inicia-se na manhã de domingo e progride durante o dia. À medida que a noite se aproxima a tragédia vai-se preparando. Quando tudo termina, com a morte sucessiva dos irmãos, a noite está a surgir (Anoiteceu.).

ESPAÇO
A acção é localizada nas Astúrias e decorre, a parte inicial, nos Paços de Medranhos e, a parte central, na mata de Roquelanes. Somente o episódio do envenenamento do vinho é situado num local um pouco mais longínquo, na vila de Retorquilho.
O Paço dos Medranhos é descrito negativamente, por exclusão (...a que o vento da serra levara vidraça e telha...), e os três irmãos circulam entre a cozinha (sem lume, nem comida) e a estrebaria, onde dormem, para aproveitar o calor das três éguas lazarentas.
O facto de três fidalgos passarem os seus dias entre a cozinha e a estrebaria, os lugares menos nobres de um palácio, é significativo: caracteriza bem o grau de decadência económica em que vivem. A miséria em que vivem é acompanhada por uma degradação moral que o narrador não esconde (E a miséria tornara estes senhores mais bravios que lobos.)


EM SÍNTESE

Espaço

Físico   – Astúrias ------> serra   ------ > Paço de Medranhos  ------ >Mata de Roquelanes

Paço de Medranhos – cozinha, pátio, estrebaria

Mata de Roquelanes – moita dos espinheiros, clareira, cova na rocha, silvados, fonte
Psicológico – pensamento de Rui após a morte dos irmãos – pensa em Medranhos e no tesouro só para si.
Tempo

Tempo histórico – século IX – Reino das Astúrias/ Maravedis - moeda árabe - os árabes invadiram a península ibérica no século VIII
(no século X encontramos já constituído o Reino de Leão, que sucedeu ao das Astúrias)
Tempo da história -  a acção inicia-se no Inverno ----- > Primavera  - manhã de domingo -----> tarde – a tarde descia – a sombra se adensava ----- >noite – anoiteceu.
A acção passa-se durante alguns meses, pelo menos dois, ou três.


3.     Explique o sentido da comparação “E a miséria tornara estes senhores mais bravios que lobos”.

3.1.A fome, a pobreza, o isolamento social e a degradação tornou-os comparáveis a animais pela agressividade e dureza dos seus gestos e palavras.


4.     Do ponto de vista da ação, o excerto pode ser dividido em duas partes. Delimite-as e justifique a sua opção.

4.1.Apresentação dos irmãos, do espaço e do tempo (“Os três irmãos de Medranhos (…) mais bravios que lobos.)
4.2.Apresentação do situação inicial  - DESCOBERTA DO TESOURO ( “Ora, na Primavera, (…) estava cheio de dobrões de ouro”. 

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